CRÔNICAS NOVAS TODA SEXTA-FEIRA. CONFIRA!

 

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

"...A crônica situa-se entre o Jornalismo e a Literatura, e o cronista pode ser considerado o poeta dos acontecimentos do dia-a-dia..."

(Wikipedia)

O GAGO

O GAGO

 

A alegria do gago é ver um gago pior que ele.

Imaginem a cena: Dois gagos conversando sozinhos. É uma cena travada.

O gago geralmente é persistente, um bicho teimoso. As palavras agarram, agarram e agarram de novo e lá esta ele tentando fa-fa-fa-lar a frase inteira, mas com muito custo e suor – literalmente – conseguem chegar ao final.

Há variadas classes de gagueira.

O estágio mais complicado é o iniciante. Presenciei a cena em um restaurante da cidade.

A mãe servindo o prato do filho.

        Mã-mã-mãe, não que-queee-que-ro tanta saaa-la-la-da.

Quando ele terminou a frase, já estavam à mesa comendo. Comeu irritado.

Seguiu-se uma nova tentativa:

        Ma-mã-mãe, que-que-ro um B(...)

Meu deuso, a palavra não saia de jeito nenhum. Desistiu e tentou outra coisa, já bem irritado ( o que piora)>

        Maiêêêê (falou a todo pulmão, chegou a sorrir por não ter travado), que-que-que-ro um P(...).

Pronto! A palavra não iria sair.

Em seguida ele tentou bravamente falar da escola, dos amiguinhos. Também não deu.

O guri, já irritado, resolveu ficar calado, desistiu de falar. Iniciante.

Caridosamente, levantei e comprei um Bombom e um Picolé e entreguei a ele. 

Tem gago que é cara de pau, aqueles que fazem piadas de si mesmo.

Mas o que eu quero exaltar de fato são os gagos, raros, que sabem que gaguejar é uma arte, um desafio constante de criatividade. Aquele tipo que sabe a palavra que ira gaguejar, a situação é prevista e, se a pessoa for esperta, sempre acha um sinônimo na hora do aperto. Eu chamo de “gagueira-seletiva”.Ela é realmente seletiva.

Certa vez eu estava querendo saber o preço de um CD e o vendedor estava olhando para mim, a espera da pergunta. Para meu azar, minha gagueira selecionou não falar com o sujeito.

Fui obrigado a pedir para uma senhora perguntar o preço do bendito CD.Ele começou a rir...Triste isso, consegui explicar que não sou doido e saí sem o CD.

Certas palavras são impossíveis de dizer, como Alô!?

Uma situação fatídica: O gago-seleto precisa fazer uma ligação.

        (...) – Tentativa desesperada para dizer Alô.

        Alô?! Quem é?

        (...) – Ainda esta tentando dizer Alô.

        Você gostaria de falar com quem?

        (...) – Já desistiu do Alô, nessa altura já travou todas as palavras.

Tu-tu-tu-tu. Desligou o telefone na cara da pessoa, não por maldade, mas desistência. Tente entender o outro lado da linha – o lado gago.

Alguns minutos depois, tentou de novo, mas diferente dessa vez para não ter uma pedra no meio do caminho.

Tuuuuu-Tuuuuuu (telefone tocando). 

        Bom dia meu amor, como vai?  (fala de uma tacada só)

        Oi benzinho! Estou bem, mas acabaram de desligar o telefone na minha cara. Que falta de respeito. Fui tão educada.

        Não me diga?! Se eu soubesse quem foi, tiraria satisfação.

(É, o gago-seleto é cara de pau por conveniência).

Dizem que essas coisas têm cura, mas não passam de mero engodo da medicina, fonoaudiologia...Eu sei, já tentei, mas desistiram de mim. Caso perdido.

Então resolvi assumir esse charme como uma arte de desafio.

É respirar fundo e fa-fa-fa-lar.

 

  

Késia Câmara

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A VIDA É BELA - O segredo

A VIDA É BELA

- O SEGREDO -

 

As coisas da vida são simples, de uma bela essência, embora algumas circunstâncias a complique.

As pessoas deviam olhar para a vida com mais simplicidade e inocência – quase sempre perdida nos tempos de infância.

Tem gente que precisa de muito para ser feliz, enquanto não percebe que o pouco já basta, que o simples – as pequenas coisas e pequenos gestos – é que fazem a felicidade. Afinal, a vida de uma pessoa não é composta somente por grandes acontecimentos, e sim por aquelas pequenas porções de cotidiano, esse é o segredo para manter-se sempre de bom-humor e aproveitar melhor a vida.

Está estressado? Compre um potão de sorvete e coma tudo sem peso na consciência.

Está nervoso? Vá deitar na grama e olhar para o céu, aproveite para imaginar figuras com os formatos das nuvens, isso relaxa.

Não consegue sorrir? Ligue para seu amor e roube um sorriso dele(a) ou pegue emprestado.

Você deve estar pensando: “Ah, mas são coisas de criança!”.

Não vou te contrariar, mas observe: As crianças vivem correndo, sorrindo até para uma borboleta, quando ficam bravas esquecem rapidinho da briga, quando vêem algum sorvete ou uma bola ou qualquer coisa.

O detalhe é não perder a essência. Que venham as responsabilidades e os pesos da vida, mas guarde bem escondidinho aquela essência, o brilho nos olhos pelas simples situações que encontramos por aí.

Há também aqueles que desfrutam até a ultima gota do bom-humor, de peito aberto e, invariavelmente, ganham o palitinho premiado da vida. Esses tais percebem o Grande e o Inestimável na sutileza de um sorriso, ganham o dia ao ouvir a música preferida no rádio ou ao encontrar  inesperadamente  uma pessoa querida. Esses sim, fazem da essência um presente no constante uso.

Alguns podem pensar “Mas isso é se contentar com pouco”. Eis aí o segredo: não é contentar-se com qualquer coisa, é dar valor, apreciar, cultivar, então descobrimos o que é especial

Há também momentos de stress, raiva, correria...mas o bom-humor as descarregam da vida e tudo se segue.

Este é o segredo.

Achou simples? Então ponha-o em prática, porque quando eu pisar no seu pé, quero ver é um sorriso.


Késia Câmara

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

coisas de Kássia

Me desenharam de novo  


















Autoria dos desenho: Kássia Câmara (kassiacamara@gmail.com)

tirinha do Mangabeira

Que violência!
rs
Mas é duro dividir o pc com alguém...

Mais uma tirinha do http://blogdomangabeira.blogspot.com/

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

CABEÇA DE OVO


CABEÇA DE OVO

Eu, caro leitor, sempre fui um sujeito respeitado (é o que dizem). Chamam-me de Pereira, 48 anos, embora ainda jovial (é o que eu digo).
Um fato interessante na vida, é que eu sempre me esforcei para ser uma pessoa séria, respeitosa e, desastrosamente – no sentido literal – não consegui.
No colegial eu era estudioso, tinha um ar sério, usava óculos, mas eu não podia abrir a boca. Era incontrolável, uma força maior que eu, não tinha como evitar. Era só eu abrir a boca que saía alguma gracinha, alguma piada na ponta da língua. Na sala de aula, era uma festa quando eu ia apresentar algum trabalho e uma tristeza para a professora – tia Cotinha.

Acabei crescendo um sujeito calado, contido. Foi a forma que encontrei para ser respeitado, afinal se eu virasse um piadista, naquela época de repressão, eu seria expulso de casa, convidado a me retirar do país e morreria de fome.

Foi muito difícil sobreviver até hoje sob esse mando sério, sóbrio. Quando olho para alguém, a vontade de soltar alguma piada é tão desesperadora, que estou pensando em não sair mais de casa, para evitar acidentes. Com quase 50 anos, já devo ter armazenado até o limite os meus trocadilhos.
Não estou conseguindo mais me conter, depois de tantos anos. Minha esposa diz que não se casou com esse Pereira.
Anteontem eu estava apresentando um projeto – trabalho em uma imobiliária – e de repente entra um sujeito gordo, careca, com um nariz gozado.
Pensei:
- É o meu fim. Seja forte Pereira.
Respirei fundo e tentei não pensar em nada que me lembrasse um ovo. O nariz dele era um ovo. A cabeça dele era um ovo. Ele todo parecia um ovo!
Respirei fundo e tentei continuar a apresentação, mas o senhor Ovo não ajudou. Ele levantou para beber água varias vezes. Prossegui a palestra já com uma risada na cara, ninguém estava compreendendo – afinal eu era o respeitado Sr. Pereira, gerente há anos de uma imobiliária. Num paralelo à minha palestra fervilhavam tantas piadas de ovo, galinha, nariz, carecas, que quando aquele senhor levantou a mão para fazer uma pergunta eu desmoronei. Foi tão repentino que, além de ter falado:
– Pois não, Sr Cabeça de Ovo, alguma dúvida?
Interrompi a apresentação e desatinei a soltar todas as piadas que eu conhecia sobre careca, gordo, ovo, galinha, nariz. Não conseguia parar. Puxaram-me para um canto enquanto pediam desculpas ao distinto Sr Ovo que, muito ofendido, se retirou da sala.
Eu não estava mais em mim, fora quase 50 anos me reprimindo.
Fui atrás do sujeito ovo falando o restante de piadas que havia – e não eram poucas.
Meus colegas conseguiram me segurar a força e me levar para o carro, rumo a minha casa.
Não conseguia parar de rir, caçoava de todo mundo. Para cada colega havia muitas piadas acumuladas, guardadas e ridas sozinho, anos a fio. Falei todas!
Empurraram-me para fora do carro. Fui a pé pra casa.
Estava tão descontrolado que não perdoava ninguém, inclusive meus vizinhos.
Toquei a campainha, o Guimarães atendeu. Gordo, chato, petulante. Soltei o verbo, falei tudo que estava preso há anos, ironizei dos seus filhos até o cachorro. Piadizei tudo que ele merecia.
Cheguei em casa. Pelo visto meus colegas já haviam ligado para minha esposa.
- Benzinho, o que houve?
Nesse instante consegui ficar um pouco sério.
- Nada, minha querida. Não houve nada.
Passado uns instantes, desatinei a gargalhar da empregada.
Minha esposa, tadinha. Ela tentou ser paciente comigo, se esforçou ao máximo, eu sei. Não é culpa dela.
Hoje eu vivo sozinho. Desempregado. Ninguém agüentou minhas piadas.
Escrevo, às vezes, para alguns jornais. Colunas de humor.

Ps 1. O cabeça de ovo era o dono da imobiilária. Juro que não sabia.
Ps 2. Desde aquele dia, nunca mais comi ovo.
(texto retirado de Késia Câmara, ed. A vida é bela, Setembro 2008 - As crônicas da Késia)

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Nota ao leitor

Caros leitores
A pedidos de alguns e ameaças de outros (alguns leitores querem tomar o poder no meu site), venho informar que sexta postarei um texto de humor.

A direção.

sábado, 6 de setembro de 2008

ESPELHO


ESPELHO



O amor é como um espelho, reflete várias faces.
O amor é gostoso. O amor é amargo.
O amor é amado. O amor é abandonado.
A imagem desse espelho é determinada pelo encontro dos raios refletidos e quando há esse encontro, ah meu amigo, é um amor amado, um real amor vivido.
É o reflexo de duas vidas vividas num só foco, com o mesmo centro.
Na imagem desse encontro são refletidos beijos roubados, sorvetes no parque, sorriso nos olhos, coração na boca, mão gelada e um indizível conforto da companhia amada.
Entretanto, nem todas imagens refletidas pelo espelho da vida são reais. Há raios que não se encontram, que não se tocam com a delicadeza do amor amado. Há raios que são de alguma forma prolongados, formando imagens virtuais. Amor sem toque, sem sorrisos e gracejos apaixonados.
Amor amado sozinho, amor abandonado onde os raios não se encontram.
São paralelos, que só se encontram no infinito.
Mas esse infinito nunca chega. E quem garante esse fim no infinito? Ninguém nunca esteve lá, oras!
Nesses amores onde o que era sorriso virou lágrima, deve afastar-se do foco até um ponto onde não haja nenhuma imagem refletida, para recomeçar do zero. Uma imagem límpida, cheia de reflexos reais, maiores, cheios de vida e emoções.
E aos apaixonados, mantenham o reflexo de suas almas unido. Um amor amado tendendo ao infinito e sem limites para a felicidade.

(texto retirado de Késia Câmara, ed. A vida é bela, Agosto 2008 - Crônicas e contos da Késia)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

CUPIDO – ÚLTIMAS NOTÍCIAS





CUPIDO – ÚLTIMAS NOTÍCIAS

O cupido das flechas tortas conseguiu, enfim, acertar um alvo. Acertou em cheio. Na mosca.
O alvo encontra-se totalmente rendido e, dessa vez, não houve nenhuma tentativa de fuga.

O outro cupido, que deixou a fecha se quebrar dentro do coração do alvo, já conseguiu remove-la, com muito esforço e ouvindo muito sermão do coração flechado.

O mesmo, no momento, encontra-se de licença. Quebrou a asa. Cupido desastrado.


Noticiário de Contos do coração – CUPIDOS (leia)

(texto retirado de Késia Câmara, ed. A vida é bela, Agosto 2008 - As crônicas da Késia)