CRÔNICAS NOVAS TODA SEXTA-FEIRA. CONFIRA!
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Nota ao leitor
A pedidos de alguns e ameaças de outros (alguns leitores querem tomar o poder no meu site), venho informar que sexta postarei um texto de humor.
A direção.
sábado, 6 de setembro de 2008
ESPELHO

ESPELHO
O amor é como um espelho, reflete várias faces.
O amor é gostoso. O amor é amargo.
O amor é amado. O amor é abandonado.
A imagem desse espelho é determinada pelo encontro dos raios refletidos e quando há esse encontro, ah meu amigo, é um amor amado, um real amor vivido.
É o reflexo de duas vidas vividas num só foco, com o mesmo centro.
Na imagem desse encontro são refletidos beijos roubados, sorvetes no parque, sorriso nos olhos, coração na boca, mão gelada e um indizível conforto da companhia amada.
Entretanto, nem todas imagens refletidas pelo espelho da vida são reais. Há raios que não se encontram, que não se tocam com a delicadeza do amor amado. Há raios que são de alguma forma prolongados, formando imagens virtuais. Amor sem toque, sem sorrisos e gracejos apaixonados.
Amor amado sozinho, amor abandonado onde os raios não se encontram.
São paralelos, que só se encontram no infinito.
Mas esse infinito nunca chega. E quem garante esse fim no infinito? Ninguém nunca esteve lá, oras!
Nesses amores onde o que era sorriso virou lágrima, deve afastar-se do foco até um ponto onde não haja nenhuma imagem refletida, para recomeçar do zero. Uma imagem límpida, cheia de reflexos reais, maiores, cheios de vida e emoções.
E aos apaixonados, mantenham o reflexo de suas almas unido. Um amor amado tendendo ao infinito e sem limites para a felicidade.
terça-feira, 2 de setembro de 2008
CUPIDO – ÚLTIMAS NOTÍCIAS

O cupido das flechas tortas conseguiu, enfim, acertar um alvo. Acertou em cheio. Na mosca.
O outro cupido, que deixou a fecha se quebrar dentro do coração do alvo, já conseguiu remove-la, com muito esforço e ouvindo muito sermão do coração flechado.
O mesmo, no momento, encontra-se de licença. Quebrou a asa. Cupido desastrado.
sábado, 30 de agosto de 2008
AMIGOS E COLEGAS - CONSTRUÇOES E BURACOS

Sou uma pessoa que se apega com muita facilidade. De poucos amigos e muitos colegas. Mas a vida passa, os amigos e colegas mudam, ou se mudam. Outra faculdade, outra cidade, outra igreja..
Essa semana que me peguei relembrando de alguns antigos colegas de escola, alguns mais que colegas, amigos mesmo. De repente puxei um nome lá no fundo do baú e, com um sorriso de curiosidade, digitei o nome no Google para ver o que achava. Fiquei surpresa, achei até o currículo da pessoa. Continuei “Googleando” para matar a curiosidade. Uma coleguinha da quinta serie havia se formado em medicina veterinária e esta namorando um cara bem mais velho.Ela esta muito feliz. Também fiquei feliz.
Nas correrias do dia-a-dia a gente acabada deixando de lado alguns antigos amigos que, por algum motivo, se distanciaram, deixando lacunas.
Hoje me dei conta que sinto falta de algumas velhas amizades, de alguns velhos amores.
Me dei conta também que, mesmo com o distanciamento, de repente a amizade pode voltar do lugar que ela parou, do último Tchau dado há anos ao primeiro Oi. Isso que é a amizade. Esse é o significado. Aconteceu isso, esses dias, em uma ligação inesperada de uma velha amiga. Por mais simples e cotidiana que seja, amizade é amizade.
Me surpreendi hoje ao ficar, ao mesmo tempo, muito triste e muito feliz. Um grande colega conseguiu se transferir para a faculdade que ele tanto queria. Muito figura esse sujeito. Fiquei imensamente feliz por ele, mas também triste. Como eu disse: me apego muito às pessoas.
Faz parte da vida. Faz parte da construção da pessoa. Cada amigo, cada colega contribui com sua participação. Acrescentam sorrisos, experiências, puxões de orelha, manias e suas gracinhas. Há alguns que não acrescentam em nada, mas sua simples companhia já basta. São os colegas. Todos são importantes
Mas digo, com um aperto no coração, aos meus amigos que foram e aos que estão indo: – Fica um buraquinho no peito cheio de saudade.
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Contos do coração – CUPIDOS

Dois cupidos se encontraram, o cupido da flecha torta e o cupido da flecha vazia.
- Companheiro, mas que situação a nossa, eu sem flecha e você com um monte sobrando, mas todas elas tortas!
-Pois é, complicado. Esses dias fui acertar meu alvo, dei aquela caprichada, aquela mirada certeira e... PAF!... Uma flecha caiu num cachorro e a outra caiu no meu pé
-E o que aconteceu?
- O pobre do cachorro fica lambendo meu pé até hoje. Ele não me larga.
- mas meu caro, você pelo menos pode atirar. Eu além de não poder atirar, meu alvo agora cismou de me ensinar a mirar melhor!
- Tsi tsi tsi
- No meu último tiro a flecha quebrou. Fui punido, ficou sabendo?
- É mesmo? O que houve?
- O alvo foi reclamar com meus superiores. Acusou-me de serviço mal feito e negligência ao tentar retirar a flecha quebrada.
- Logo você, tão experiente, sempre trabalhou tão bem com esse alvo. Nunca errou!
- Os jovens de hoje em dia não toleram muito erro. Fecha quebrada é uma dorzinha que passa, oras! Eu tentei explicar que isso acontece às vezes, que faz parte. Ele não quis me ouvir. Falou diretamente com o chefe.
- E qual foi a punição?
- Desempenar suas flechas.
sábado, 23 de agosto de 2008
Pré-Vestibulando - crônica

PRÉ-VESTIBULANDO
Estudante é uma coisa engraçada. Não importa a idade, é sempre a mesma coisa. Há apenas um tipo que é diferente: os Pré-Vestibulandos. Para eles não há meio termo. Esse tipo se divide em duas classes: os interessados e os desinteressados.
Interessados: Senta nas cadeiras da frente. Material organizado. Canetas de várias cores. Fichário, muitas folhas. Apostila, anotações. Olhares atentos. Estuda. Estuda. Estuda. Terrorismo com o concorrente. Desespero psicológico (mas ninguém sabe e se sabe é ameaçado). Nervosismo para a prova. Respira fundo. Abre a prova. Respira fundo de novo. “Ai meu Deus, marco essa ou aquela?”. “Qual é mesmo aquela fórmula? πR² ou (πR²)/2?”. “Caramba, revisei isso ontem, não tem como errar!!”. Redação. Exceção é com “ésse” ou com “ce cidilha”. “Escolho qual tema?”. Respira aliviado. Preenchendo o gabarito. Sentimento: Missão cumprida. Sai da prova um trapo e vai para casa. Direto para o computador. Abre a página do gabarito. Ainda não foi divulgado. F5. F5 de novo. F5 de novo e de novo (ô impaciência do sujeito!). F5!!! Saiu!! Confere o gabarito. PULOS E SORRISOS. Missão cumprida.
Agora a classe dos desinteressados. São uma espécie de parasitas: “Me empresta sua borracha?”, “Tem grafite 0.5? E 0.7?”, “Tem folha pra me emprestar? Amanha eu te pago”. Fundão da sala. Ficam em bandos. Um por todos e todos pela bagunça! É uma classe respeitadora. Não perturba ninguém quando esta dormindo. Não olha de cara feia. Não faz terrorismo. Faz a turma rir e manda os melhores bilhetinhos para o professor ler “pra” turma. Mochila no chão. Suja. Mesa vazia. Cabeça abaixada. Zzz. Triiiiiiiiiiiim. Acabou a aula. “Uhuuuu!”. Casa. Almoço. Zzz. Zzz. Zzz. Liga a TV. Zzz. No dia da prova já “chega chegando”. Cumprimenta a galera toda (o fundão é sempre muito frenquentado). Entra na sala da prova. Se estica todo e relaxa. Olha para o lado e puxa conversa. Entra um de seus colegas: “Aêeeee Paulão!!!”. Dão um soco nas costas um do outro se deseja boa prova. (Nesse instante os CDFs já os fulminaram com o olhar). Silêncio. Abre a prova. Sorri e faz “Mamae mandou eu escolher essa daqui”. Próxima questão: fecha o olho e marca uma letra. Redação. Com muito esforço consegue escrever o mínino de linhas permitido. Gabarito. Terminou. Entrega a prova e sorri para o fiscal. (Galera toda lá fora esperando) – Aêeee Paulão! Como foi? – Não sei. Foi. “vamu vê no que dá”. Sai a galera toda. Bar. Depois: Festa da Ressaca. O Gabarito saiu já tem dois dias.
“– E aêee Paulão, tirou quanto?” “– ih rapá, nem vi ainda”. Chega em casa. A mãe avisa que ele não passou.
SUSPIRA (leve peso na consciência) e diz: Ano que vem tem mais.
Texto de Késia Câmara. Editora A vida é bela, 2008.
Velho Carlão

“ Velho Carlão!”
(ou Antigos amigos, antigos amores)
Certo dia andava eu a toa pela rua. Não que eu seja um sujeito vagabundo, estava apenas a toa. Mas andava eu pelas ruas de Leblon e avistei em um café uma grande e velha amiga.
-Maria do Carmo!!!
-Zé!!!!
- Nem acredito que te encontrei por aqui
Disse ela, meio nervosa, esfregando as mãos. Aproveitei e sentei-me com ela.
Pedimos um café.
- Que surpresa agradável. Como você está?
- Casei. Lembra do Carlão?
- Claro, Carlão do basquete. Bom sujeito!
Menti, bom sujeito coisa nenhuma. Um calhorda, mulherengo irremediável. Roubou Maria do Carmo de mim.
- Estou aqui esperando, tenho uma grande notícia para ele. Inclusive, esta atrasado.
Irreparável Carlão, sempre gostou de deixar as mulheres esperando por ele.
- Qual a notícia?
Nem precisava perguntar, ela já estava prestes a falar.
- Acho que estou GRÁVIDA!
Engasguei com a água que estava bebendo. Carlão não merecia aquela mulher.
Mas as pessoas mudam. E se ele tivesse mudado? Estou julgando-o apenas pelos velhos tempos. Não, não, se trata do Carlão, irreparável Carlão. Engoli o pensamento e continuei, tentando esconder minha triste surpresa:
- Acha ou tem certeza?
- Estou sentada aqui esperando o resultado. Sai em 10 minutos. Mas tenho quase certeza. Carlão deve estar chegando.
- Parabéns Maria, espero que sejam muito felizes!
Espero que Carlão caia no primeiro buraco que ele encontrar.
- Tenho que ir agora. Fiquei muito feliz em revê-la .
Eu tinha que sair logo dali, me apaixonar de novo seria desastroso.
- Ô Zé, não some, você faz falta, era meu grande amigo.
Amigo, amigo, apenas amigo. Se eu não sair agora não conseguirei mais.
- Abraço. Dê lembranças minhas ao Carlão.
Dessa vez resolvi prosseguir pelo calçadão. Praia, vento, gente. Novamente a toa, olhando tudo e olhando nada.
Derrepente me deparei com Carlão! Era de mais pra um dia só. Ele estava em um restaurante. Acompanhado.
Sorri. Velho Carlão, não muda. Olhei melhor e vi sua companhia. Dalila, era também da turma de basquete no segundo ano.
Eles me viram. Fiz que não vi e fui-me embora para ver Maria.
Encontrei-a pelo caminho, andando meio encabulada, meio triste, meio aliviada. É! Eu ainda a conhecia muito bem.
- Mariaaa!
Estendi os braços e fui ao seu encontro. Era a minha hora. Apertada pelo abraço ela balbulciou:
- Eu queria tanto, mas pensei melhor, Carlão não merece. Ainda bem que não foi. Acabou.
- E o teste?
- Deu negativo. Acabou.
- Velho Carlão.
- Velho Carlão.
Seguimos a andar pelo calçadão. Antigos amigos, antigos amores.
(texto retirado de Késia Câmara, ed. A vida é bela, Agosto 2008 - As crônicas da Késia)
Luis Fernando Veríssimo
CRÔNICA DE DOMINGO

Cheguei em casa, de viagem de trabalho, minha mãe me dá um abração e fala: "meu bebezão chegou". Puxei ela pro quarto e disse: "trouxe um trequim procê": um potim de doce que ela gosta.
Fui pro quarto dos meu pais e deitei.
Meu pai, sentado no pufe em frente à cama, puxa uma prosa sobre como foi o trabalho, o que eu fiz lá e umas sugestões do que eu poderia fazer.
Chega minha irmã. Pula em cima de mim. Ui, me esmagou...rs
Fui dormir, tirar um cochilim.
Acordei com o almoço pronto e com meus avós chegando, abraço apertado e "bença vó, bença vô".
Eta comidinha boa de domingo e coca-cola.
Em seguida - e durante o almoço - o tradicional proseado.
Chega a sobremesa, mais proseado.
Todo mundo foi pra varanda - com jardim novo. A família toda.
Vô contando as histórias, os causos, os acontecimentos de um gato.
Vó dando as risadas dela.
Colo de vó, colo de vô.
E a prosa se seguia, comentários de jornal, acontecimentos, vida dos outros (brasileiro é brasileiro), família, conselho de vô...e mais risadas.
Cafézim.
Coisas de domingo, coisas de domingo...
(texto retirado de Késia Câmara, ed. A vida é bela, julho 2008)
CRÔNICA DE DOMINGO
